A gente não espera retorno nenhum, mas ele vem, mesmo assim

Meninas...
A gente não faz nada por eles esperando receber isso ou aquilo em
troca. Simplesmente fazemos porque desejamos, porque é nosso impulso,
porque é no que acreditamos.
Mas hoje foi uma das piores tardes de 2010. Acho que uma das piores
tardes, desde 2008.
Eu estava uma pilha, mas não conseguia me impor um controle
emocional. Foi assim que, contrariando toda a minha lógica, eu gritei
com o Estêvão 3 vezes em menos de vinte minutos. Me senti péssima por
isso e lhe pedi desculpas, mas uma hora depois eu estava um caco. Só
conseguia chorar. Tudo que eu queria era deitar na cama e chorar até
passar a vontade, mas eu estava sozinha em casa, com as duas crianças
por minha conta. Não adiantava eu me ordenar controle, disciplina,
disciplina e disciplina. Aí ele chegou e refez tudo que eu faço com ele.
Eu me abaixo, mas ele subiu no meu colo.
- Mamãe, o que a senhora tem? Está triste? Tá doendo?
Depois:
- Eu vou pegar água pra você, viu? - eu sempre faço isso com ele.
Eu choro ainda mais, bebendo o copo d'água. Ele vai e busca uma
fraldinha e limpa meu rosto.
- Ponto. Agola a senhola não vaimais cholar. Pala de cholar, mamãe!
Eu vou dar um abaço, pa senhola ficar feliz, viu? *dá o abraço*. Mamãe,
não chola, que eu fico tiste. Mamãe, me dá sua mão, vamo fazer uma
atividade? Eu deixo a senhola fazer o desenho que a senhola quiser...
E depois a cartada final, o mesmo sisteminha implícito que eu uso
com ele em momentos de desespero:
- Mamãe, se a senhola palar de cholar, vai poder me botar pa dormir
de noite, viu? (ele sabe que eu adoro isso).
Só aí eu parei... Com custo.