Anos...
Sinto que, com o passar dos anos, tenho me tornado cada vez mais
silenciosa, econômica e discreta. Naturalmente os sentimentos continuam
dentro de mim, mas cada vez me sinto menos inclinada a expressá-los
abertamente.
Às vezes parece que apenas quando estou com o Estêvão sou
completamente natural, completamente despida de qualquer coisa. Não é
como antes, quando eu me mascarava de alguém que eu não era para
agradar. Hoje sei da inutilidade e do aspecto patológico desses
"joguinhos". Hoje, sem máscaras, sem idealizações superpostas, apenas
uma superfície aparentemente lisa e sem ondas que protege o mundo
externo das inconstâncias da minha mente.
Tento me despojar de toda necessidade de encontrar compreensão e
afeto genuíno, mas ainda não percebi o motivo verdadeiro disso.
Cautelosa, séria, composta e formal. Algumas vezes, quando escrevo, essa
proteção escorrega e eu apareço. Nesses momentos, não me repilo. Busco
me aceitar e me acolher, por pensar que sou uma das poucas pessoas que
pode fazê-lo efetivamente. Mas, para o mundo, especialmente fora das
portas seguras daqui de casa, as coisas são diferentes.
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