Vida de "João de Cristo"
Exportei essa entrada do meu outro blog no Sapo, o
http://delascaracolas.blogs.sapo.pt
27 de Fevereiro de 2009
Vida de "João de Cristo"
Gosto de pensar que quando nos decidimos a ter uma vida pautada nos
preceitos cristãos, deixamos de ter uma vida comum para ter uma vida de
João de Cristo, ou do Cristo, se preferirem. Não buscar mais o próprio
conforto e entender a existência como uma seqüência implacável de
provas, fatos e dias.
Hoje vejo minha existência de um modo muito distinto daquele que via
anos atrás. Não estou aqui para buscar o sucesso, o reconhecimento, a
compreensão ou o aplauso; estou aqui apenas para fazer a minha parte,
afim de ter paz comigo mesma.
Eu, reconhecendo-me ativamente como entidade devedora nos tribunais
sempre misericordiosos das Leis Divinas, sinto como missão basilar de
minha vida fazer o melhor que puder, em todos os lances, sempre dando
meu esforço máximo.
Assim fica mais fácil de pensar nas coisas que queria e não tenho,
nas coisas que tinha e perdi, nas coisas que esperei e nunca tive.
Não me refiro a bens materiais, quase sempre passíveis de possuir-se
sob a aquisição de quantia adequada; refiro-me à ambições espirituais,
desejo de afeto e compreensão, carinho e condescendência.
Tenho minha família, e não é pouco. É uma família extraordinária.
Meu esposo é tão constante quanto fiel, e seu amor são águas tranqüilas
com as quais eu posso contar para ancorar meus navios de boas intenções;
tenho meu filho, uma bênção em si mesma, ativo e carinhoso, exigente e
grato. Afora isso, de confortos emocionais, tenho muito pouco mais. Tudo
me foi tirado, numa sucessão contínua. De repente aprendi que não devo
me lamentar pelo que foi. O bem é eterno, mas na Terra, os capítulos vêm
e vão. A prova termina e nós a preenchemos, afinal. Termina o tempo das
respostas e a folha nos é retirada para posterior avaliação. O bem que
fazemos são bônus para nossas respostas erradas em outras provas; o bem
que deixamos de fazer é inscrição compulsória em testes mais exigentes.
A necessidade de valor moral, coragem e perseverança apenas aumenta em
cada fase do caminho. Entrementes, amealha-se sabedoria, alguns
fracassos, uns poucos sucessos, uns quantos desejos de voltar atrás.
Ser um João de Cristo talvez seja isso. Apenas de passagem, sempre
de passagem, tendo não menos que o essencial para seguir. Crescer ou
morrer, aumentar os limites da própria resistência emocional ou sucumbir
a si mesmo, temer os próprios fantasmas mais que se teme aos outros,
ter os olhos no Cristo e não desviar por um segundo, mesmo que sua boca
pareça pronunciar outros nomes, mesmo que você não fale nele o tempo
todo; suas palavras são seu guia, seu exemplo seu modelo, simplesmente
porque há níveis tais de conhecimento de si mesmo e de suas reais
necessidades espirituais que não te permitem olhar em outra direção.
Hoje vejo cada pessoa que passou em minha vida como folhas de provas
que tive de responder; cada uma me deu algo, deixou algo e provocou algo
em mim. Nessas passagens, o amor e o respeito que recebi me ajudaram a
continuar, apesar dos motivos em mim para invalidar o que recebera; as
traições e os desenganos de que fui vítima aparentemente pelas atitudes
de outrem, desafios que me provocaram a ética e os valores, a firmeza e
as forças.
Em tudo isso, quero apenas forças para servir sem pensar em mim,
para gerar minha filha, para amar aqueles que estão a caminho comigo,
para conseguir que o convívio comigo mesma seja, ao menos, suportável.
Jobita às 16:51
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