Quando se pretende...
Quando se pretende falar de vida
Do amor fluindo e refluindo
Das construções da alma, dos relacionamentos e do tempo,
há que tirar os sapatos
Há que derrubar os muros da fortaleza que erigimos a nosso redor
muitas vezes com mentiras e inferências irreais
Apenas para soptar a certeza de que não temos muito controle.
Quando se pretende falar de vida
Há que se viver intensamente
E isso pode, ou não, ser um discurso eloquente suficiente
Porque a vida não se diz
Vive-se, simplesmente.
Quando se pretende falar de vida
há que encher os olhos de lágrimas
a boca de sorrisos
os cabelos de ventos
o coração de esperança
e as esperanças de plena aceitação.
Quando se pretende falar de vida
Há que se encontrar alguém a quem oferecer a mão
Aceitar, fechar os olhos, cantar uma canção
Comungar com a arte
renunciar à sua parte
de ter que ter sempre razão.
Quando se pretende falar de vida
A própria vida impõe o tom
Doação, permissão, abnegação
determinação, foco, luz, improvisação
Quando se pretende falar de vida
Nem tudo é simplesmente decidido e dito
Muita coisa precisa sair de improviso
E nem sempre há tempo para retificação.
Quando se pretende falar de vida
Por vezes ela se atraveça e encerra a questão.
Risca o ponto, enfia uma vírgula
Salpica com tinta de vivência a nossa interrogação.
Quando se pretende falar de vida
Aproxima-se. Acredita-se. OUsa-se. Aceita-se. Improvisa-se. Vive-se.
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