Frase

"A noção do dever bem cumprido,ainda que todos os homens permaneçam contra nós, é uma luz firme para o dia e abençoado
travesseiro para a noite."
(Os Mensageiros)


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terça-feira, 9 de março de 2010

Separando para unir

Começou assim:
eu menina. Minha filhinha sempre era um filhinho. Nós estávamos juntos.
Eu sabia que ele viria;
nós estávamos separados, eu na verdade não o conhecia.
Mas você estava presente. Deitada na cama, quase sentia sua mão na
minha, pequena, terna, tão parecida com o que hoje é!
Ao longo de minha infância e adolescência, você teve vários nomes.
Então casei e seu nome apareceu antes da notícia no meu ventre.
Estávamos juntos.
Então nos separamos: eu engravidei.
Meu Deus, como era absurdo não saber! Quantas noites eu passei
pensando como você estaria, se estaria bem, confortável e feliz, se tudo
daria certo com seu corpo em formação!
Mas estávamos juntos, então: você estava dentro de mim. Interdependência
total. Comíamos a mesma comida, bebíamos da mesma essência, mesmo nos
mantinha o mesmo ar! Era a junção absoluta, a união plena.
Então nos separamos. Uma cascata de dores indescritíveis, uma
angústia de nunca mais, seu nome numa placa que eu não pedi, todo mundo
me dizendo o que fazer, sem me dar qualquer espaço. E medo, muito medo
de errar, medo que me submergia, me arrebatava. Você fora de mim, um
mistério que chorava, que não dormia, que se desesperava e me envolvia
em uma teia de expectativas e pavores inomináveis.
Então estávamos juntos: tua boca no meu leite, teu abraço nos meus
braços, seus dedinhos nos meus cabelos, seu banho nas gotas que
respingavam na minha roupa. As canções de ninar secretas, inventadas sem
querer. As preces sussurradas ao seu ouvido, minhas mãos nas suas todos
os dias - tanta intimidade, meu amor!...
Então nos separamos: você cresceu. Conquistou a liberdade das
pernas, a ousadia da voz, a coordenação das mãos. Queria ir e ia, queria
dizer e dizia, queria gritar e gritava, queria cantar e cantava, e tanto
queria e tanto foi, que foi para a escola.
Por horas eu não saberia, eu simplesmente não podia saber de tudo que te
acontecia.
A que estímulos exatamente você seria exposto? Antes eu filtrava,
vetava e aprovava, estimulava e desviava; agora você tinha mais poder.
Eu só podia te ajudar a elaborar suas escolhas, não ser tão influente no
seu momento de decidir.
Estávamos juntos: sua descoberta era minha redescoberta; seus
questionamentos eram meus questionamentos; seus rascunhos e valores
tinham a minha assinatura; suas novidades tinham os meus ouvidos; suas
músicas tinham a nossa voz.
Antes eu cantava para você, nos silêncios de madrugadas insones e
perdidas; agora cantamos juntos, vozes de alegria se elevando pela manhã
ensolarada.
Juntos e separados; hiatos e sons vocálicos na mesma sílaba; busca e
encontro; intimidade e liberdade; separados, porém unidos para sempre.

Eu te amo, Estêvão.

4 Comentários:

Luciana 11 de março de 2010 às 00:04  

Fiquei emocionada. Maravilhosas as palavras!

Aprendiz 13 de março de 2010 às 13:25  

Eee, valeu, Lu. Lu da Bia, ou Lu do NIck?

Aprendiz 13 de março de 2010 às 13:26  

Vlaue, LU... Lu da Bia ou LU do nick?

Anônimo,  10 de maio de 2010 às 02:13  

jobis!
me emocionei é claro!
vc nao sabe como estas doces palavras fazem falta!
estamos com muita saudade de vc nas listas!
outro dia do nada pensei em vc, um pouco antes do niver do estevao. louco né? agente nem se conhece e tem uma ligação estranha, internet tem dessas coisas. ai te mandei um email, mas voltou e vc nao recebeu. peguei um com a dani do kiyo, mas e so pra saber como vcs estao mesmo e dizer que estamso com saudade!
beijos menina, ve se escreve qdo der um folguinha!
davi ja vai fazer 6 meses, amamentação exclusiva, quase 9 kilos! kkkkk! ele e uma graça, muito simpatico e risonho, um doce de menino!
beijos pra vcs todos!

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