Eu entendi, mas... - Desafios da maternação consciente

Nem todos os dias são dias de maternação prazerosa. Não por ele, mas por
mim. Ele chega e começa a mexer na gaveta do meu lado. A mensagem é
óbvia: ele não quer a gaveta; ele quer minha atenção. Sabe que não pode
mexer na gaveta e sabe que mexendo nela eu terei de lhe falar alguma
coisa, não ignorá-lo solenemente como eu estava fazendo enquanto ele
pacificamente brincava com seus brinquedinhos. Eu me sinto uma porcaria
de mãe a ao pegar seu carrinho favorito e sair do quarto chamando-o. Eu
praticamente posso ver o pensamento se formar na cabecinha dele:
"funcionou! Ela vai vir brincar comigo, e ainda por cima, com o carrinho
de que eu mais gosto!". Mas então eu ligo o carrinho, deixo-o brincando
e saio, "à francesa". Ele não tem dúvidas: volta com carrinho e tudo
para perto de mim. Eu então ignoro a dor de cabeça, o enjoo, a vontade
de ficar quieta e vou brincar com ele. Ele vibra de prazer. Atenção,
amor, atenção, dedicação, amor, atenção, amor e atenção - é disso que
ele precisa. E sob doses cavalares e ininterruptas de cada um dos três
ele pode renovar sues conceitos, reformular atitudes, reescrever suas
matrizes. É claro que a renovação de milênios deve exigir uma alta
demanda de amor, atenção e dedicação para se efetuar. Racionalmente,
esses conceitos são claros como água para mim. E aqui entra o desafio
absurdo da maternação: eu sei do que ele precisa, mas nem sempre consigo
dar; mas quando eu não dou, ele continua precisando, o que significa que
eu tenho que me superar. Para mim o grande desafio não é o educar; eu
intuo, farejo o de que ele precisa, e na maior parte do tempo tenho uma
percepção intuitiva instantânea das suas necessidades. O grande desafio
é passar por cima de todas as minhas "coisinhas - crises de humor, fases
do ciclo mensal, dores de cabeça, problemas pessoais - para ter
condições mentais para me concentrar nele, para estar com ele, para me
esquecer nele afim de que ele possa se esquecer no Cristo. Esse é o
estímulo e o desafio; o escolho e a recompensa; o que faz que a
maternação seja, para mim, algo tão gloriosamente enriquecedor e
absolutamente exigente. NO fundo eu sei que, exigindo tanto de mim, ele
me dá o que eu mais preciso: a oportunidade de me desviar de mim mesma
para servi-lo e, em servi-lo, aparar minhas próprias arestas, corrigir
minhas muitas mazelas. Educar é, portanto, a um só tempo, ministério e
redenção.