A mãe sou eu, droga!
A educação é uma condição muito apreciável. Mas às vezes, e só às
vezes, chega a ser quase uma desvantagem.
Uma de minhas principais dificuldades quando tive o Estêvão, foi
achar um pediatra que não me tratasse como uma idiota.
Sabe como é: pedir ajuda da secretária para tirar a roupa do bebê, mesmo
que você se prontifique a fazê-lo, pedir para você segurá-lo colocando a
sua "mãozinha" não sei aonde.
Eu fervia e acabava chorando, humilhada, depois que saía do
consultório. Eu sou cega, mas não sou uma idiota! Dá pra me dar a chance
de mostrar isso?
Mesmo quando eu encontrei uma pessoa que era apenas cuidadosa e não
preconceituosa, quando um dia eu fui com um acompanhante vidente, ela
simplesmente passou a tratar como se o acompanhante fosse a mãe dos meus
filhos.
Então é isso: todas as vezes que eu vou com um acompanhante que
enxerga, ele é automaticamente promovido a mãe dos meus filhos.
Conclusão? Eu faço questão de ir sempre sozinha, mesmo que um
acompanhante às vezes seja legal, para uma questão de logística.
Tá, eu sei... Eu deveria ter uma postura consciente e superior.
Deveria impor meu papel ou não me importar, afinal, não muda nada um
médico tratar outro como responsável pelos meus filhos por dez minutos,
se a mãe sou eu, de fato e de direito. Mas a minha parte imatura e
imediatista ferve com esse tipo de postura. Talvez, um dia, eu esteja
furiosa o suficiente para olhar bem na cara do cristão e dizer: a mãe sou
eu, droga!
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