Sem amor, ter filhos não compensa
*se você excluir o amor*, ter filho não compensa,
menos ainda o segundo.
Antes de mais nada, só para constar, eu estou grávida do
segundo, ok? E namorando um terceiro.
É assim. De um ponto de vista profissional, estritamente
profissional, ter filho compensa? Nããããoooo.
Você tem menos liberdade para estudar / viajar / fazer curso / se
desenvolver. E se vocÊ quiser ter tudo isso enquanto tem um filho
(gravidez / primeiros anos) você vai ter que despender alguma soma de
dinheiro e uma boa dose de renúncia, mesmo que você carregue seu filho
contigo. Vide os casos das muitas e muitas mães que fazem faculdade,
trabalham e têm filhos. Elas podem dizer tudo pra você, menos que é
fácil. Logo, ter filhos atrapalha a vida profissional.
Agora, veja sob o ponto de vista do casamento. Ter um filho vai
reestruturar seu casamento. Vai tirar parte do tempo que você gasta com
seu marido. Vai exigir adaptações na rotina sexual de vocês. vai cortar
drasticamente o tempo para viagens e afins. vai tirar muita muita da
liberdade de vocês. vai exigir novas adaptações. Logo, se você é casada,
ter filho não compensa.
Tá bom, você não é casada. Quem cria filhos sozinha nunca disse que é
fácil.
Muito bem, agora, vamos pensar do ponto de vista financeiro. Menos
dinheiro para vocÊ passear e comprar roupas. Aquele terreno que você
estava namorando? Nem pensar. Aquele plano de trocar seu carrinho? Agora
você vai ter que trabalhar mais pra isso, o que, obviamente, fica mais
difícil com o seu filho. Se vocÊ economiza pra um luxinho ou emergência,
não compensa idem, porque ele vai, de todo jeito, passar uma faquinha
nas tuas ec onomias, isso se ainda sobrar uma e algo no seu orçamento
para recomeçar.
Ter filho vai atrapalhar o seu sono, os seus cuidados com a beleza,
a sua estética, a sua liberdade, a sua libido, a sua carreira, a sua
disposição! É uma potencial ameaça a sua saúde!
Então, sei lá quantas razões aquela mulher lá elencou, mas eu
poderia passar a tarde inteira fazendo argumentos desse tipo, e
elencando com casos verídicos e seria difícil alguém dizer que eu estava
mentindo... Só que eu não vou estar dizendo a verdade, só uma parte
dela e meia verdade é mentira inteira. . Mas se você é contra uma coisa deixando de lado o seu principal
componente, os seus argumentos caem. É como se eu escrevesse longamente
sobre os incômodos da água (ela molha, alaga, inunda) deixando de lado
sua função biológica inegável.
Agora, muito bem. Você fez a loucura de ter o primeiro filho.
Rebolou, renunciou, adequou e está começando a ter a vida nos eixos.
Então você, sabendo como foi "ruim", sabendo como foi exigente, sabendo
exatamente como é o ponto do bordado, de caso pensado
engravida??????????? Demência crônica!
Se você excluir dessa análise todas as questões transcendentes que
*fazem a diferença* entre uma existência com sentido e uma existência
monocromática e quebradiça, esses argumentos são quase imbatíveis.
Agora, se você começar a apelar para o que *realmente faz a
diferença* todos esses raciocínios são simplesmente uma comédia. Aposto
que quem leu isso aqui torceu o nariz pelo menos uma vez para esses
raciocínios, porque, do ponto de vista de quem ama e de quem sabe que
nem sempre o bom é fácil e o difícil é ruim, esses argumentos são
simplesmente blásfemos. E, na verdade, por mais irretorquíveis que eles
pareçam, mesmo se você excluir o amor e todas as questões
transcendentais, a mesma "lógica" que os faz parecer indestrutíveis os
derruba com um único argumento, desdobrável em mais dois: se ter filhos
é tão terrível assim, por que imensas parcelas de mulheres bem sucedidas
são mães? Se ter filhos fragiliza tanto e é tão idiota, por que mulheres
*inegavelmente* inteligentes são mães? Ora, se esses argumentos fossem
tão bons assim, obviamente a humanidade já teria parado de existir, ou
todas as mulheres sensatas e centradas teriam abdicado voluntariamente
dos seus filhos nos primeiros anos de vida, com o argumento aceitável de
que precisavam ter suas vidas e independência de volta.
Entretanto, poucas são as que fazem isso, seja de modo simbólico ou
de modo literal; E poucas são as que se
arrependem positivamente. Temos, sim, mulheres que só têm um filho e
suspiram, mas não encaram o segundo; temos, sim, mulheres que tiveram
apenas um rebento e não arriscam o segundo, nem têm vontade. Mas
pergunte para elas se elas queriam voltar atrás. Se o tempo pudesse
voltar, ou se Deus pudesse levar seus filhos agora, para que elas tenham
seus casamentos, sua carreira, sua independência tal qual era antes,
pergunte quantas querem... *e se esconda, porque muitas vão tentar te
agredir fisicamente*.
Logo, esses "pontos tolos" que deixamos de lado, os chamados
transcendentes, são maiores que a lógica dos primeiros argumentos,
sendo-lhes, portanto, intrinsecamente superiores. Assim, o mesmo raciocínio
cartesiano e fechado que nos levou ao ponto de que "ter filhos não
compensa", traz-nos de volta, provando que compensa, e que os pontos que
descartamos a princípio são, na verdade, essenciais e a pedra de toque,
muitas vezes a diferença entre a felicidade e a desgraça *tenha você
filhos ou não*.
O que torna os argumentos iniciais falhos por
excelência é que eles provam que o autor olha para todos os lados -
para a festa que não perde, para o desconforto de amamentar, - mas não
está olhando para o ponto principal, que é, sim, a necessidade de
um sentido transcendente na existência de qualquer ser humano saldável,
queira ele ter filhos ou não.
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